Porque falham as nações?
A primeira intervenção do FMI, em 1977, aconteceu num período em que o país registava uma taxa de desemprego superior a sete por cento, os bens estavam racionados, a inflação era crescente chegando a alcançar os 20%, havia forte conflitualidade política e o escudo estava desvalorizado.
A segunda intervenção, em 1983, dá-se durante o período do chamado bloco central, um Governo de aliança entre PS e PSD, liderado por Mário Soares. Foi quase um Governo de emergência nacional, criado por se considerar que seria a melhor forma de combater a grave situação económica do País.
A terceira intervenção foi em 2011, numa altura em que as finanças públicas estavam de novo à beira da rutura.
Três resgates financeiros desde o 25 de abril de 1974 até aos nossos dias com a ameaça de um quarto resgate, apenas impedido porque o BCE funciona como chapéu protector, deveria levar a nossa classe política e os nossos sábios da economia a repensar o modelo económico que seguimos até hoje.
Quem se der ao trabalho de estudar as causas dos pedidos de ajuda ao FMI de 1977, 1983 e 2011, as causas do nosso atraso relativamente aos outros países, encontra uma panóplia de razões, que embora divergentes, os analistas e economistas coincidem em pontos comuns; passar culpas para os outros, factores externos e os chamados «bloqueios estruturais», bastante enraizadas nas leis ou instituições débeis e capturadas que impedem a economia de expressar todo o seu potencial. Eu acrescentaria débil planeamento do investimento, sobretudo nestes últimos trinta anos, sem visão a longo prazo, investimento em activos que não criaram riqueza e valor acrescentado à economia. E aqui, encontramos coincidências com a teoria esplanada em “Porque falham as Nações”. É difícil encontrar respostas do que se passou em Portugal sobretudo a partir de 2001, que afectou dramaticamente a sua capacidade de produzir riqueza. O inicio deste século foi globalmente pior do que o período precedente para quase todos os países europeus, mas a travagem ganha uma expressão maior no caso de Portugal. Dentro dos países periféricos, Portugal parece ser um caso único e singular com a sua economia a definhar ao mesmo tempo que a dos outros cresce.
Continua…