Porque existe tanta miséria no Mundo? Haverá razão para existirem tantas desigualdades, tanta pobreza em tantos lugares da terra? São questões muito pertinentes e que ganham maior relevo face aos tempos que vivemos hoje ameaçados por um vírus que parece não dar tréguas.
Podemos encontrar respostas a estas questões no modelo económico adoptado pelos países, um modelo económico que permite o capital improdutivo quase não pagar imposto, que permite a distribuição desigual da riqueza, onde 1% da população mundial detém nas mãos mais riqueza que os 99% restantes e onde a soma das riquezas de apenas 26 famílias supera a soma da riqueza de 3,8 bilhões de pessoas, metade da população mundial.
“Precisamos construir novos caminhos”, declarou Francisco no evento que reuniu mais de 2.000 pessoas, jovens economistas, grandes nomes da economia mundial, empresários e dois prémios novel. Precisamos de uma economia “que faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida da Criação e não a depreda.” E acrescenta que é preciso “corrigir os modelos de crescimento incapazes de garantir o respeito ao meio ambiente, o acolhimento da vida, o cuidado da família, a equidade social, a dignidade dos trabalhadores e os direitos das futuras gerações.”
A gravidade da situação, que começa também a fazer-se sentir no nosso pais, posta ainda mais em evidência pela pandemia Covid, “exige uma tomada de consciência responsável de todos os actores sociais, de todos nós, entre os quais vós jovens tendes um papel único, pois que as consequências das nossas acções e decisões vos afectarão em primeira pessoa. Portanto, não podeis permanecer fora dos locais onde se gera, não digo o vosso futuro, mas o vosso presente. Vós não podeis ficar fora de onde se gera o presente e o futuro. Ou vos empenhais, ou a história passará por cima de vós”.
Francisco foi explícito e incisivo quando afirmou que “o actual sistema mundial é insustentável sob diversos pontos de vista e fere a nossa irmã terra, tão gravemente maltratada e espoliada, e, ao mesmo tempo, os mais pobres e os excluídos, que são os primeiros prejudicados e também os primeiros esquecidos”. (Citando a ‘Laudato Si’. Depois alertou que a economia não pode ficar só para os grandes pensadores inseridos no actual sistema. Os jovens têm de se implicar e comprometer muito a sério. Ou seja, exige-se nada menos que ‘Uma Nova Cultura’.
Uma nova cultura que passa necessariamente por uma Economia mais solidária que permita gerir os recursos humanos e naturais de maneira a reduzir desigualdades sociais a médio e longo prazo, recentrando a relação com o lucro, transformando todo o trabalho gerado em benefício do bem comum da sociedade como um todo. A Economia Solidária só se pode concretizar se for organizada igualitariamente pelos que se associam para produzir, comerciar, consumir ou poupar.
Para o Papa Francisco a juventude têm de ser profetas de uma “economia que se preocupa com a pessoa e com o meio ambiente”, capaz de mudá-la e dar-lhe “uma alma”, e Luigino Bruni, um dos organizadores do encontro de Assis sobre “a economia de Francisco” afirmou que “Entrámos na era dos bens comuns, e é preciso uma economia nova. Não basta uma «economia “verde” para ter uma economia de Francisco. São necessárias também a inclusão dos pobres, o protagonismo dos jovens, o cultivo da vida interior”